A história começa com Sofia tendo um péssimo dia, cheio de coisas chatas acontecendo, que vão desde ter que pegar táxi para ir ao trabalho, pois seu carro não podia rodar devido ao rodízio de veículos, passando por levar um banho de um motorista que passou sobre uma enorme poça d’água, até ter que aguentar seu chefe ignorando completamente suas roupas ensopadas para apenas reclamar sem parar do seu atraso. O fato de estar acomodada em um emprego ruim, com um chefe insuportável parece incomodar sobremaneira naquele dia. |
“[...] Não existia programa algum de computador que eu não soubesse utilizar, sempre aprendia depressa assim que um novo aparecia. Mas aquela máquina ultrapassada...
- Eu nem sei ligar essa coisa! – sussurrei. Algumas pessoas nos observavam com olhos curiosos.” (página 11).
No dia seguinte, sua melhor amiga a convida para ir a um barzinho para lhe contar que vai morar junto com o namorado. Ali rolam diálogos que mostram a aversão que Sofia tem por casamentos e que ela nunca se apaixonou de verdade.
"Viver em função de uma única pessoa, como se sua vida só tivesse sentido com ela por perto? Acordar e olhar para a mesma pessoa todo santo dia! Sexo com somente uma pessoa pelo resto da vida! Ter que cuidar da casa, do marido, dos filhos, do cachorro, além de trabalhar... Não era um tipo de sentença de escravidão, pelo menos?
Eu não entendia o que levava uma pessoa lúcida a se casar. Se bem que a maioria não parecia gozar de plena sanidade quando estava apaixonada.” (Página 19)
“- Você não se apaixonou pelo Bruno. Você gostava dele, sentia atração por ele. Mas não amor. – Ela pegou um amendoim e mastigou. – Se você o amasse de verdade, não teria ficado tão tranquila quando o flagramos aos beijos com a Denise. – Ela se recostou na cadeira, o rosto triunfante.
- Só porque não fiquei chorando pelos cantos por décadas não significa que não estivesse apaixonada. Eu fiquei arrasada, sim! O que você queria que eu fizesse? Que me atirasse da ponte? Se ele quis outra, paciência. A fila anda! – Levei o copo à boca, mas estava vazio.
Droga!
- Exatamente! Se estivesse mesmo apaixonada, a fila demoraria um pouco mais para começar a andar. E você ficou arrasada porque foi trocada por outra, não por perdê-lo. Desista, Sofia. Não vai conseguir me convencer. Quando se apaixonar de (Página 20) verdade, vai me dar razão.”
A noite acaba com Sofia “alegrinha” derrubando o celular na privada do bar.
No dia seguinte ela vai já pela manhã comprar um novo aparelho. A loja que ela entra está vazia, exceto pela vendedora que a atende e parece reprovar sua dependência das tecnologias.
“- Você tem o que eu quero? – perguntei levemente apreensiva.
- Talvez eu tenha exatamente o que você precisa – ela disse, mais para si mesma. Ou pelo menos foi o que me pareceu.” (Página 24)
Ela lhe vende um telefone que não está na vitrine. Porém deixa claro que Sofia não poderá devolvê-lo, nem trocá-lo.
Pouco depois de sair da loja, Sofia liga o aparelho. Uma luz intensa e ofuscante sai dele, fazendo-a tropeçar e cair. Vemos então que Sofia viajou no tempo, mais precisamente para 1830.
Eu acho fantástico a infinidade de objetos que são utilizados para as viagens no tempo. É possível inovar sempre. São viagens feitas através de carros, cabines telefônicas, amuletos, telefones celulares e por aí vai. A modernidade vem agregando ainda mais possibilidades para a criatividade ilimitada dos autores. Adoro!
No começo Sofia fica completamente perdida, óbvio. Sem entender para onde foram os prédios e porque um homem com roupas antigas está montado em um cavalo tentando lhe ajudar.
Este homem é Ian Clarke, que acha que ela foi atacada por saqueadores e por isso está quase nua (minissaia e regata). E que devido a pancada que lhe deram, imaginou pelo sangue da queda, ela fala coisas estranhas e tem um comportamento mais estranho ainda.
Sofia continuou ainda por um tempo achando que era tudo alucinação, um sonho, até receber uma ligação naquele celular. Era a “vendedora” explicando toda a situação para ela. É muito bacana o diálogo que vem na sequência sobre se encontrar na vida, sermos protagonistas da nossa história e tal. Essa mulher manda Sofia encontrar o que procura (mesmo que não saiba o que é), pois só depois disso lhe trará de volta. Esse celular só funciona para Sofia receber informações que esporadicamente chegam, sempre por mensagens, apenas a primeira foi por ligação. Ela não consegue utilizá-lo para se comunicar com ninguém.
A contragosto, Sofia fica hospedada na imensa casa de Ian e, entre outras coisas, vai na costureira, a pedido dele, para usar roupas condizentes com a época, com exceção de anáguas, espartilhos, crinolina (armação de metal usada por baixo do vestido) e afins.
Algumas coisas ficaram meio forçadas no livro. Como por exemplo, aqui ela manter seus tênis. Sei bem que isso foi uma maneira de criar uma marca para a personagem, mas algumas atitudes não combinaram com a construção mental de uma mulher de vinte e poucos anos. Parece que a autora, na ânsia de retratar uma mulher jovem, acabou criando uma adolescente. Afinal, 24 anos já é uma mulher e soa muito estranho essa recusa em usar sapatos e pior, falar muiiiita gíria. Da mesma forma que acho chato conversar com quem fala gírias demais, também ficava meio irritada em algumas partes em que ela se comportava feito um moleque de escola.
Mas seguindo. Ela conhece várias pessoas ali e como a voz do celular havia lhe dito que ela não estava sozinha nesta jornada, Sofia imagina que tem outra pessoa perdida no passado e começa a procurá-la para juntas acharem uma forma de ir embora.
Aos poucos porém, Sofia vai se apaixonando pela primeira vez na vida. Ian é extremamente atencioso e, apesar de ser muito reservado e cheio de pudores (não sempre eee), demonstra gostar muito dela.
O clima que vai rolando entre eles é descrito de uma forma muito gostosa. Dá até vontade de se apaixonar. Juro!
Apesar de tudo ter acontecido rapidamente (em apenas uma semana), não achei que isso desmereceu a força do relacionamento deles. Como foi a descoberta do amor tanto para Sofia quanto para Ian, mesmo eles já sendo adultos, a autora criou um ar de inocência que deixou o amor deles muito bonito. Ela conseguiu criar um encontro de almas ali. Adorei!!!
O novo casal realmente se preocupa um com o outro. Sofia reluta muito em se entregar a essa paixão por saber que sofrerá quando voltar embora e, o que a deixa muito pior, trará um imenso sofrimento a Ian. Teve trechos que trabalharam isso que me fizeram chorar (não que isso seja muito difícil).
Por tudo isso, Perdida é um livro que você torce junto. E sofre junto também. Com um desfecho carregado de emoção.
Essa série já tem continuação, o “Encontrada”. Logo vai ter resenha dele aqui também. Aposto que vocês vão gostar.
Beijo....